Recebi esse texto de uma amiga, enviei para algumas pessoas, e todas me responderam muito emocionadas. Chorei quando lí, lembrei de meu pai "começando" uma laranja, uma tangerina, descascando melancia, descascando castanhas portuguesas no Natal (delícia que eu adoro e em todos esses Natais que passei sem ele, assim que vou comer a primeira castanha, meus olhos marejam, pois a memória é gritante de perfeita), e tantos outros "começos" inesquecíveis...
Quando eu era criança e pegava uma tangerina para descascar, corria
para meu pai e pedia: - “Pai, começa o começo!”. O que eu queria era
que ele fizesse o primeiro rasgo na casca, o mais difícil e resistente
para as minhas pequenas mãos. Depois, sorridente, ele sempre acabava
descascando toda a fruta para mim. Mas, outras vezes, eu mesmo tirava
o restante da casca a partir daquele primeiro rasgo providencial que
ele havia feito.Meu pai faleceu há muito tempo (e há anos, muitos, aliás) não sou mais
criança. Mesmo assim, sinto grande desejo de tê-lo ainda ao meu lado
para, pelo menos, “começar o começo” de tantas cascas duras que
encontro pelo caminho. Hoje, minhas “tangerinas” são outras. Preciso
“descascar” as dificuldades do trabalho, os obstáculos dos
relacionamentos com amigos, os problemas no núcleo familiar, o esforço
diário que é a construção do casamento, os retoques e pinceladas de
sabedoria na imensa arte de viabilizar filhos realizados e felizes, ou
então, o enfrentamento sempre tão difícil de doenças, perdas, traumas,
separações, mortes, dificuldades financeiras e, até mesmo, as dúvidas
e conflitos que nos afligem diante de decisões e desafios.
Em certas ocasiões, minhas tangerinas transformam-se em enormes abacaxis......
Lembro-me, então, que a segurança de ser atendido pelo papai quando
lhe pedia para “começar o começo” era o que me dava a certeza que
conseguiria chegar até ao último pedacinho da casca e saborear a
fruta. O carinho e a atenção que eu recebia do meu pai me levaram a
pedir ajuda a Deus, meu Pai do Céu, que nunca morre e sempre está ao
meu lado. Meu pai terreno me ensinou que Deus, o Pai do Céu, é eterno
e que Seu amor é a garantia das nossas vitórias.