Refletindo em grupo um texto excelente (psicanalítico) sobre a "Infância Roubada", fiquei tentada a resumí-lo.
Os autores desenvolvem um pensamento sobre os "não-lugares", utilizando idéias de rapidez, transitoriedade, não pertinência, próprias desse novo termo.
Interessante pensar como a comunicação instantânea, transmitida o tempo todo pela mídia e publicidade, cria novas formas de desejo a serem satisfeitas pelos filhos e pelos pais.
Marc Augé define" não-lugares", os lugares mais habitados na sociedade pós-moderna, os lugares de trânsito, de passagem, de pouco investimento afetivo, como as ruas, os shoppings, os aeroportos, os hotéis, etc, onde a vida transcorre sem que haja um sentimento de pertencer, de pertinência.
A casa, a cidade, a pátria sempre foram nossos lugares investidos de sentido, de amor e de afeto. Hoje constatamos o sentimento de solidão que impregna a sociedade contemporânea. É um sentimento que se configura exatamente pela impossibidade de construir laços afetivos.
A infância hoje é prejudicada pela falta do tempo mágico, das fantasias, dos "faz-de-conta", pois o futuro atravessa a imaginação dos adultos. Os pais dos pequenos pensam no sucesso dos filhos lá na vida adulta, incentivando desde cedo a competição, a aparência, etc.
Criança não tem tempo de ser criança, "precisa pensar no futuro", precisa com 2 anos "estudar na melhor escola", vestir "marcas", serem acima da média em alguma coisa.
Estamos dando espaço e tempo para o desenvolvimento da crianças? Meninas com 8 anos frequentando salões de beleza? Meninos (as) de 5 anos escolhendo iPad, celulares? Todos vivendo uma antecipação da problemática adolescência, com angústias infinitas, sem "lugar" para suportar.
Pulam da infância para a adolescência queimando etapas. As fantasias com as fadas, bruxas, príncipes e princesas são trocadas pelos ideais de consumo, pela beleza, pelo sucesso.
Paro minha reflexão por aqui. ( Autores do texto: Myrna P. Favilli, Bernardo Tanis, M. Celina P.S.A.Mello)
A infância é um tempo de treino para o viver, e que tende a se esgarçar nos tempos modernos.(a frase foi copiada do texto)