There’s no place like home
A Primeira casa? Um aluguel que quase não cabia dentro do bolso e as paredes amarelas. Quarto-sala-cozinha. São Paulo fascinante. O cantinho ficava numa esquina com a Rua Augusta e tive ali os vizinhos mais paulistanos que já conheci. A casa decorei na cor laranja (sei-lá-porque-motivo)… Minha estante acompanhada de Simone de Beauvoir, Foucault, Balzac, Rosa Luxemburg, Roland Barthes…
Na Segunda casa São Paulo já estava mais cinza, menos charmosa e eu mais solteira do que nunca. Aluguei um apê num bairro arborizado. Abarrotei aquele apartamento de livros…Clarice Lispector, Machado de Assis, Raquel de Queiroz, Neruda e Octavio Paz foram bons companheiros… A casa ficou em tons de azul (sei-lá-porque-motivo) e um quadro hindú no centro da sala. Ganesha, filho de Shiva e Parvati.
Chegou a Terceira casa. São Paulo já não me fazia cócegas. Junto com a Terceira casa (literalmente) chegou o amor da minha vida. A casa ficou apertadinha com o casamento. Mas espaço não foi problema. Tudo ali foi cenário para o que profissionalmente acontecia fora dela. Curiosamente, encaixotei todos os livros. Fiquei sem a estante. Sei-lá-porque-motivo a casa ficou toda branca e preta. Na parede gravuras de Picasso.
Até que numa caminhada de mãos dadas fomos apresentados ao casarão de 1960.
A Quarta casa veio equilibrar no que São Paulo me falta. Equlibrar o que sobra. Tem jardim. Tom Jobim e Maria Bethania, nossos pássaros que dão bom dia obrigatoriamente as seis da manhã. Pés no chão. A Frida, sabiá inquilina que nos visita todas as sagradas tardes. Cheiro de bolo com café.
A cozinha tem saudade homenageada nos móveis restaurados da vovó. A sala é dilálogo entre o antigo e o novo. A varanda fica recheada de luz num convite privilegiado para as tardes cúmplices de verão. Rubem Alves na estante.
Foi a primeira vez que fechei olhos e bati meus sapatinhos de rubi: Sair para o mundo e se recolher. Conhecer trilhões de pessoas e ficar só. Falar e depois silenciar.
Ao meu redor estão os livros preferidos. Quadros favoritos. A pessoa favorita - ele. E um jardim a ensinar diariamente que é preciso replantar, mudar de terra.
Sempre acreditei que nossa casa inspira nossa vida. Sempre acreditei que nossa vida inspira nossa casa. Este Lar doce lar é Zé Rodrix. Um lugar onde eu possa ficar do tamanho da paz. E Nada Mais.
ps: Para quem não se lembra dos sapatinhos de rubi vale reler Frank Baum.
PS2: Texto da minha nora Raquel; gostei tanto que pedi sua permissão para pulicá-lo aqui. Se ela concordar, outros estarão se apresentando...
PS2: Texto da minha nora Raquel; gostei tanto que pedi sua permissão para pulicá-lo aqui. Se ela concordar, outros estarão se apresentando...
Casa/ são pratos da mesma balança e um não independe do outro.
ResponderExcluirAs minhas sucessivas casas corresponderam também a distintas fases de minha vida.
Belo texto!
Oi Sonica querida!
ResponderExcluirAmei o texto...está se encaixando perfeitamente no momento atual de minha vida, onde estamos em um processo de transição de moradia...
Quero ler outros viu...
Parabéns a nora pela escrita.
Bjo grande um uma ótima semana!
Débora
Que texto mais lindo! Instigante... tomara que ela deixe, sim, publicar mais!!! Obrigada elo carinho lá no blog! Abs
ResponderExcluirO texto de fato e muito bom, tbm gostei. Amada, passandoa aqui para te desejar uma excelente semana, fica com Deus e um forte abraço. Bjks!
ResponderExcluirMaravilhoso texto, maravilhosas reflexões :)
ResponderExcluirMtos passarinhos em seu telhado, livros nas estantes, sofá, cama
Amor dado e recebido
Muitas cores, aromas e sabores para nossas casas
"Casa com vida, pra mim, é aquela em que os livros saem das prateleiras
e os enfeites brincam de trocar de lugar. Casa com vida tem fogão gasto pelo uso, pelo abuso das refeições fartas, que chamam todo mundo pra mesa da cozinha...Casa com vida é aquela em que a gente entra e se sente bem-vinda."
Que lindo texto!!!! Meus sapatinhos de ruby (que nunca tive e que ainda desconheço), dançaram e sorriram em meus pés, que cantaram com extrema alegria a ciranda das casas que foram tuas! Sonica minha querida, bons textos dão um banho de alegria na alma da gente, né? Beijos querida!!!!
ResponderExcluirTexto lindo. É minha primeira visitinha aqui, de muitas. :D
ResponderExcluirAdorei o Blog, super lindo, e cheio de pensamentos de vida.
Estou seguindo com maior prazer viu? *-*
Eu tenho um Blog sobre literatura, se quiser visitar fique a vontade.
Te espero lá hehe
Sucesso SEMPRE, abração.
Ewerton Lenildo – Academia de Leitura
papeldeumlivro.blogspot.com
@Papeldeumlivro
Vim dar um oi!
ResponderExcluirTexto lindo que traduz as mudanças que se vão operando na nossa vida. Também estou na 3ª casa, ou melhor, 4ª se contar aquela onde nasci e onde fui criada pelos meus pais; dela saímos para o Brasil onde tive duas e depois regressei a Portugal há 20 anos estando ainda na mesma casa onde conto ficar para sempre. Todas foram diferentes assim como a minha vida, mas noto que há certos elementos comuns a todas elas que se mantiveram, assim como em nós mesmos; muita coisa muda em nós, mas a nossa essência essa fica. Cá fico à espera de novos textos da sua nora. Claro que ela vai autorizar que os partilhe connosco. Um beijinho e fique bem! Até breve.
ResponderExcluirEmília
Gostei muito de seu texto. Gosto da maneira como descreve suas experiências, sua estória de maneira simples, e elegante.
ResponderExcluirAmiga, obrigada pela visita e pelo comentário.
ResponderExcluirTenha um bom fim de semana.
Beijo da Nina
TIPO DA LEITURA QUE A GENTE LER DE UM VEZ, DE TÃO GOSTOSO QUE É ADOOOREI, OBRIGADA AMIGA PELA VISITA, VAI UM ABRAÇO COM CARINHO DE CELINA
ResponderExcluirVIM visitar.
ResponderExcluirAdorei. e vou ficar.
belo texto.
beijinhos